sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Me Conta Tudo! com Yuri Rosa



Negro, visionário e autêntico, em tom de estréia a coluna "Me Conta Tudo!" dessa semana, entrevistou o queridíssimo Yuri Rosa. Que nos contou sobre oque é, como pensa e oque o motiva. Acompanha essa super entrevista! 






Canal DYAG: Quem é Yuri Rosa?

Yuri Rosa é um protesto ambulante, é uma metamorfose, é um ser de luz, é desprovido de maldade e preconceito; eu sou um artista perfeitamente incompleto, mas gradualmente melhorando, procurando sempre uma nova faceta, uma nova versão de mim mesmo. Sou de longe uma das pessoas mais sociais do mundo, adoro fazer amizades, adoro estar em contato com os seres humanos. É difícil dizer claramente quem eu sou, pois não posso ser definido, eu sou nada e ao mesmo tempo tudo, eu sou genuíno.

CD: Sendo negro, gay, afeminado, acha que o olhar de outro é ainda mais encharcado de preconceito?

Com toda certeza. Os gays que são bem aceitos são os que estão dentro dos padrões, "discretos", sarados, brancos e afins; pra gays como eu, que não se enxergam assim, que não se encaixam nesse nicho estereotipado, a aceitação é bem mais difícil, os resultados são bem mais cruéis.


CD: O que nunca, em hipótese alguma, deve ser dito a um afeminado ?

Que pra ser gay não precisa ser afeminado.


CD: Quais perguntas mais costuma ouvir ?

Perguntas sobre meus trajes e cabelos, sobre minha profissão, se sou ativo ou passivo; enfim, perguntas aleatórias que são feitas pra pessoas que são "diferentes".

CD: Você já foi rotulado como indeciso por não seguir padrões ?

Não, sou bem firme, ninguém me enxerga como sendo indeciso.

CD: Relacionamento ideal ?

Com uma pessoa plena, que não tenha medo/vergonha de estar com alguém como eu, que sinta orgulho por eu ser exatamente como sou, que enxergue mais que a minha aparência, que não seja fútil; meu relacionamento ideal talvez seja comigo mesmo, pois possuo todas essas qualidades.


CD: O que te motiva na militância?

Pessoas como eu, mas que não possuem voz, que temem se expressar, pessoas que sofrem represálias só de pensarem em colocar uma maquiagem, por exemplo. O que me motiva é a perspectiva de obter liberdade para todos os tipos de pessoas, para aqueles que involuntariamente estão sob a sociedade.

CD: Sua auto aceitação foi difícil?

Nem um pouco, claro que de início eu pensei duas vezes, mas a minha felicidade vem antes de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo.

CD: Qual pergunta, ou comentário mais te incomoda ? 

O mesmo da terceira pergunta, que pra ser gay não precisa ser afeminado.


CD: Por que mozie?

Mozie é um apelido de infância, não tem um significado paupável, é só uma forma carinhosa das pessoas me chamarem e acabei por adotar como meu nome artístico, digamos. Eu realmente prefiro que me chamem assim.

CD: As pessoas ainda te questionam muito quanto a como você se vê, ou sobre a sua sexualidade ?

Não mais, quando se é decidido e de personalidade, as pessoas simplesmente não te questionam.


CD: Em um de seus videos com mais de 134 mil visualizações no facebook, você afirma que uns dos problemas mais presentes é a heteronormatividade, e de fato, é algo que concordamos, você já imaginava que o seu vídeo teria o alcance que ele teve?  Acha que o fato de ter a proporção que teve, como consequência  mais pessoas se conscientizaram ou passaram a rever sua forma de pensar ? (ASSISTA AQUI)

Não imaginei que ele fosse ter tanto alcance, mas teve justamente por eu dizer o que muita gente não tem coragem, por eu "colocar a cara à tapa", e eu tenho certeza de que muita gente se conscientizou.

CD: Ainda enxerga e sente muito  o preconceito da própria comunidade LGBT?

Bastante, a comunidade LGBT a grosso olhar, é bem desunida.

CD: Utopia?

Uma sociedade onde o dinheiro não dominasse, 80% de nossos problemas são devido a essa moeda de troca que sim, se faz necessária, mas é demasiada problemática. E se todos pudessem ter oportunidades iguais, bens iguais? E se todo mundo pudesse usufruir de todas as riquezas que existem, igualmente? Ideal mesmo seria se todos se respeitassem mais, não se incomodassem com as escolhas e vidas de alheios; a plena paz mundial por hora é só um devaneio, muito prazeroso, diga-se de passagem.


CD: Você tem uma frase que curte? ou que gosta de lembrar sempre?  

Confiança é essencial, arrogância é descartável, ansiedade é uma pressa, audácia eu gosto demasiada.


CD: Uma paixão?

Britney Spears.




CD: O que você costuma esbanjar ?

Simpatia.





CD: Se pudesse ter um superpoder, qual seria?


Muitos, mas teletransporte me parece realmente eficaz e necessário.


CD: Musica? dança ou teatro ?


São minhas três paixões, mas creio que sou um exímio dançarino.

CD: Mesmo com tudo que passamos no dia a dia, toda violência. Você acredita que algo pode mudar? E como podemos mudar?


Tudo é mutável, mas a mudança é demasiada difícil; acho que conseguiríamos se a própria comunidade LGBT se aceitasse mais, se unisse mais, se houvesse mais representatividade nas mídias, se os "gigantes" parassem de cultuar estereótipos, etc...

DYAG é uma gíria gay onde o seu significado é um basta, um pare!

CD:  No que Yuri Rosa dar um DYAG?


Na hipocrisia.
Instagram - @EuMozie